Todas as faixas etárias desenvolvem problemas orais, sendo que a prevenção deve ser aliada e adotada ao longo da vida. O problema nos idosos é que não são raros os casos de negligência, por parte do idoso e/ou por parte do cuidador. É extremamente importante entender que a maioria das pessoas já estão com o sistema imunitário debilitado e existem patologias/ medicações que alteram a sua condição, levando ao aumento da fragilidade da sua saúde oral.
O que deve ter em conta com a saúde oral nestas situações para manter um sorriso saudável
É verdade que conforme o organismo envelhece existe uma tendência maior para a perda de dentes e para o desenvolvimento de certas doenças orais. Mas isso não significa que essas condições vão acontecer com todas as pessoas. Quando são adotados cuidados de higiene e vigilância/tratamento é perfeitamente possível ter dentes, e saudáveis, mesmo na 3ª idade!
Quanto mais cedo se adotar cuidados com a higiene oral melhor. Conforme o tempo passa o cuidado deve aumentar, pois o envelhecimento favorece a manifestação de alguns problemas e doenças.
Quando falamos destes cuidados é importante perceber que não tem impacto só na boca. Os benefícios estendem-se à saúde em geral e ao bem-estar do idoso, ou seja, influenciam a sua vida de modo geral.
Saúde Oral
O cuidado adotado tem impacto direto sobre os dentes e tecidos da boca. Com práticas e ações certas, é evitada a proliferação de bactérias, prevenindo diversas doenças, infeções e inflamações.
Outro aspeto positivo que resulta deste trabalho é a prevenção da perda de dentes, bastante comum nestas situações (geralmente ligada a quadros inflamatórios nos tecidos periodontais ou decorrentes de cáries muito extensas, em grande parte dos casos).
Saúde em geral
Os cuidados da saúde oral manifestam-se na saúde em geral de diversas formas. Uma delas, são as bactérias que proliferam na boca e que podem migrar para a corrente sanguínea e atingir outros órgãos. A endocardite é um dos exemplos, caraterizada por uma inflamação do músculo cardíaco que pode ser provocada por bactérias provenientes de doenças orais.
Não obstante, os dentes são fundamentais para a trituração adequada dos alimentos, garantindo uma melhor absorção dos nutrientes. Sendo assim, a falta de dentes pode afetar a nutrição do idoso, reduzindo a sua imunidade e agravando outras doenças.
Autoestima
Não são só os jovens que precisam de apreciar a própria imagem. Os idosos também devem estar satisfeitos com a sua aparência, pois isso reflete-se no seu bem-estar e qualidade de vida, interferindo com as suas relações familiares e sociais.
As principais doenças/perturbações que afetam a boca dos idosos
Xerostomia
Vulgarmente conhecida como “boca seca”, é caracterizada por uma redução da produção de saliva, deixando a boca seca.
Este problema pode ser causado por disfunções nas glândulas salivares, cálculos, alguns medicamentos e por desidratação do organismo, já que as pessoas idosas têm uma perceção diferente de sede e costumam negligenciar a ingestão de água.
A Xerostomia danifica a saúde da boca do idoso, porque a saliva é responsável pela hidratação da mucosa, mantendo a sua proteção natural contra doenças. Também é a saliva que participa no processo de mineralização dos dentes, além de ser fundamental para dar início ao processo digestivo dos alimentos.
Gengivite
Das doenças das gengivas, a gengivite é a mais comum. Consiste numa inflamação que atinge esse tecido por causa da proliferação excessiva de bactérias. Maioritariamente, esse problema é desencadeado pela acumulação de placa bacteriana e/ou presença de tártaro.
O sistema imunitário inicia uma tentativa de combate ao problema, desencadeando sintomas tais como o sangramento e o inchaço. Pode-se manifestar só numa área da boca como também estender-se por toda a extensão da gengiva.
É valido ressalvar que pessoas com diabetes tem uma suscetibilidade maior para o desenvolvimento de gengivite. Isto acontece porque o excesso de glicose na corrente sanguínea prejudica a microcirculação, favorecendo processos inflamatórios.
Cárie
A cárie é a principal doença que afeta os dentes em todas as idades, sendo uma ameaça também para o idoso. Nesta faixa etária é bastante recorrente levar à perda do dente.
Esta consiste numa lesão causada pelos ácidos libertados pelas bactérias que se alimentam de resíduos alimentares. Esses ácidos causam degradação do esmalte (parte mais dura do dente) que vai perdendo minerais e vai se degradando, permitindo a bactérias que se alojem e destruam o tecido do dente.
Candidíase
Esta doença é provocada pelo fungo candida albicans, encontrado naturalmente na boca. Porém, alguns fatores como a má higiene, conduzem a um crescimento excessivo e desencadeia sintomas como: feridas, dor, ardência e formação de placas esbranquiçadas.
É comum em idosos com tratamentos com antibióticos prolongados, também naqueles que usam aparelhos de inalação, próteses dentárias ou portadores de diabetes que tem o sistema imunitário comprometido.
Cancro de boca
Embora possa acontecer em todas as idades, é mais comum em idosos, podendo manifestar-se em várias partes da cavidade oral, como os lábios, gengivas, língua, osso e demais estruturas da boca.
É mais recorrente em fumadores e pessoas com grande consumo de bebidas alcoólicas. O fator de risco: má higiene oral, usos de próteses mal-adaptadas, entre outros.
Leucoplasia
Esta doença oral é caracterizada pela formação de manchas de cor esbranquiçada ou acinzentada em diferentes partes da boca que podem ser no interior das bochechas, nas gengivas e na língua.
É uma condição muito recorrente em idosos que usam próteses mal ajustadas para a anatomia da sua boca, mas ocorre também por causa de doença autoimune, tabagismo, posição inadequada de dentes que fazem atrito na mucosa ou dentes partidos.
Geralmente, a leucoplasia origina manchas inofensivas que podem regredir sozinhas quando o seu fator é eliminado, porém também pode ser precursora do cancro de boca, daí ser importante a avaliação do dentista.
Veja quais os principais aspetos da higiene dos idosos
Como já viu, a maioria das doenças da boca são desencadeados por microrganismos. Eles crescem principalmente quando a higiene não é realizada de forma correta e eficaz porque fica criado o ambiente perfeito para a colonização destes mesmos micro-organismos.
Muitas vezes cabe á família ou ao cuidador verificar se o idoso está capaz de fazer a sua higiene oral, e, caso não esteja, de a realizar. Oferecer suporte a estas pessoas é muito importante para conseguir manter a higiene adequada. Veja os cuidados que não podem faltar:
- Escovagem dentária
É a regra básica para todas as idades, idealmente depois de cada refeição, afinal é neste momento que se inicia a formação de placa bacteriana.
- Escova de dentes
É recomendada a utilização de uma escova de dentes com cerdas macias e densas, para aumentar a área de contacto com os dentes.
A cabeça da escova pequena, arredondada ou triangular, para facilitar o alcance dos molares, com cabo anatómico e antiderrapante para facilitar a tentativa de o idoso fazer a sua higiene.
- Higiene da língua
A escovagem da língua é fundamental em todas as idades. Em pessoas com mais de 65 anos é comum o aparecimento de Xerostomia, que aumenta a acumulação de placa bacteriana sobre a língua.
- Pasta dentífrica
Recomenda-se uma pasta que seja especifica para sensibilidade e para as gengivas. Nestas idades a maioria das queixas são relacionadas com a mucosa da boca, gengivas e a sensibilidade dentária com algum tipo de desgaste.
- Colutório – líquido para bochechar
O uso de colutório é sempre uma ajuda para manter a boca higienizada e fresca por mais tempo ou mesmo para chegar onde não foi possível com escova e pasta de dentes.
Sentir-se bem consigo próprio é importante para o idoso se manter ativo e um incentivo para a sua autonomia e independência. Quando não é possível, procurar formas alternativas de manter a sua saúde controlada pela prevenção.